sábado, 23 de agosto de 2014

Baú das lembranças

Olá, amigos, publicaremos neste espaço alguns textos de memórias literárias produzidos pelos alunos da Escola Municipal Tiradentes, em Nossa Senhora da Glória - SE. Eles foram elaborados por ocasião das oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro", edição de 2014. Eis o primeiro deles:

NOSTALGIA AGRIDOCE

Dona Maria tem 76 anos. Ela morava em uma cidade de Pernambuco. Contou-me como era sua vida antigamente e, a cada fato recordado, notei que seus olhos se enchiam de lágrimas. Sua emoção me contagiou. Pude imaginar cada cena, cada recordação, como se fosse minha.

“Meus tempos de criança foram difíceis, mas não ruins. Correntes, a cidadezinha de Pernambuco onde morei, tinha um clima meio bipolar: pelo dia ‘pegava fogo’, mas à noite fazia muito frio. 

Lembro-me como se fosse hoje das brincadeiras de ‘roda’, ‘pega-pega’, ‘ciranda’ e ‘corda’. Lembro também das travessuras. Eu e meus primos subíamos em uma mangueira que havia no quintal de minha casa. Ela era alta, áspera, as folhas verdinhas e as mangas pareciam sempre saborosas. Ah! Que saudade desse tempo!

Quando estávamos em casa, mamãe fazia um delicioso café, que tinha um cheirinho e um sabor inexplicável!
Naquele tempo, fazíamos de tudo uma festa. Pena que as coisas boas acabam logo. Minha vida, no entanto, não era só um mar de rosas. Eu tinha muitas responsabilidades. Quando não estava ajudando meus pais, estava cuidando de meus irmãos mais novos. Hoje em dia, já não é mais assim. As crianças têm tempo de sobra para estudar e brincar. Pena que nem todas saibam dividir o tempo para cada coisa. 

Meus pais não me deixavam estudar, diziam que era perda de tempo. Na verdade, mal me deixavam brincar. Eu precisava implorar bastante. Eles só concordavam porque o lugar onde costumávamos brincar era perto de casa. Brincávamos em um terreno que não tinha um cheiro muito agradável, mas não nos importávamos, só queríamos saber mesmo era da diversão.

Com o tempo, tornei-me uma jovem cheia de sonhos, mas não pude realizá-los. Casei-me muito nova e logo vim morar em Nossa Senhora da Glória, interior de Sergipe. Aqui o clima é meio parecido com o da cidade em que morava. As pessoas são educadas, a maioria das ruas é calçada, há muitas plantações e um comércio grande, enfim, é uma maravilha de cidade.

Mesmo assim, sinto muita falta dos meus parentes que deixei em Correntes. Sinto falta também das ruas largas, limpinhas e arborizadas, das crianças correndo na praça e da minha casa, que era azul e com um portãozinho branco. Que saudade!

Hoje sou uma idosa feliz, mas não muito realizada. Tenho muitos desejos e o maior deles é o de voltar a ver Correntes, a minha cidade natal, pela última vez.”


Gabrielle Souza - 8º Ano D













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