terça-feira, 21 de outubro de 2014

José Mateus da Costa Silva, um vitorioso!

Os glorienses festejam o resultado obtido pelo aluno José Mateus da Costa Silva na Etapa Estadual da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro".  Nosso querido Mateus, orientado pelo professor Jorge Henrique Vieira Santos, teve seu artigo de opinião selecionado para participar da Etapa Regional da Olimpíada. Mas o que isso significa mesmo? Vamos entender?
Essa 4ª edição da Olimpíada bateu um novo recorde no número de inscrições: foram 170.267 turmas de estudantes de 46.902 escolas em todos os Estados brasileiros. Essas turmas realizaram oficinas orientadas por mais de 100 mil professores inscritos. Todos os Estados e 90% dos municípios brasileiros aderiram oficialmente à Olimpíada. 
Em Sergipe, foram 1.595 inscrições realizadas nas quatro categorias (Poesia, Memórias, Crônicas e Artigo de Opinião). 881 professores de 485 escolas participantes empenharam-se em realizar as oficinas com seus alunos. 
Em meio a tantos inscritos, depois de ter passado pelo crivo de três Comissões Julgadoras (a Escolar, a Municipal e a Estadual), o artigo de opinião do aluno José Mateus foi selecionado como um dos 125 artigos semifinalistas de todo o país, feito que já lhe rendeu a medalha de bronze
Por essa conquista, o aluno do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa participará, juntamente com seu professor, Jorge Henrique, da Etapa Regional da Olimpíada, que acontecerá em Brasília/DF, nos dias 17, 18 e 19 de novembro. A etapa reunirá os 125 professores e 125 alunos semifinalistas de todo o Brasil na categoria Artigo de Opinião para uma troca de experiências. Lá Mateus reescreverá seu artigo com o apoio de seu professor, a fim de aprimorá-lo e submetê-lo à Comissão Regional da Olimpíada. Caso seja selecionado, estará entre os 38 finalistas de sua categoria e disputará a medalha de ouro. 
Medalhas à parte, independente dos próximos resultados, Mateus já é um vitorioso, pois, juntamente com seus colegas de turma, desenvolveu habilidades linguísticas e discursivas fundamentais para manifestar um posicionamento crítico diante de questões polêmicas que envolvem a vida de sua comunidade. As oficinas da Olimpíada, mais do que estimular a competição, realizam uma revolução metodológica nas salas de aula de todo o país e promovem uma formação continuada para os professores inscritos. Trata-se de uma metodologia eficaz que produz ótimos resultados. A prova disso é o artigo produzido por nosso Mateus. Vamos a ele:

QUE A GANÂNCIA NÃO DESTRUA O VERDE QUE AINDA RESTA

José Mateus da Costa Silva

O povoado Alecrim, onde moro, em Nossa Senhora da Glória, Sergipe, enfrenta um problema ao qual não se está dando a devida importância: a destruição sistemática de seu bioma - a caatinga, e do remanescente da mata atlântica, que vêm cedendo o lugar à agricultura e à pecuária. O impacto financeiro desse processo, embora seja positivo à cidade e aos fazendeiros, não beneficia, totalmente, a população. No entanto, os impactos negativos sim, estes são vistos e sentidos por todos.

Aqui a terra não serve apenas à agricultura, sempre fica uma área dedicada à pecuária. No verão, o lugar do plantio transforma-se em pasto para o gado de leite ou engorda. Com o financiamento agrícola, quando a lavoura não é bem sucedida, os bancos oferecem seguros que anistiam os produtores de parte de suas dívidas. Mesmo nas dificuldades, sempre sobra alguma renda: quem não financia seus cultivos utiliza o que planta para fazer ração para os animais.

Com o aumento do manejo da agricultura, boa parte dos produtores já possui seu próprio maquinário. Cresceram assim as áreas dedicadas à plantação. Qualquer espaço vegetal que não seja reserva é derrubado. A mata nativa quase não existe mais. O que sobrou concentra-se em pequenas reservas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Em conversa com produtores, pude ouvir suas justificativas. Muitos alegam que as terras servem para lhes dar lucros. Alguns reconhecem que é importante manter uma área de preservação, mas afirmam que seus terrenos são pequenos e não é possível reflorestar, pois ficariam sem área para o plantio. Há também os que dizem possuir área preservada por medo das sanções legais, no entanto, desmatam-na sempre que precisam de madeira para utilizar nas cercas. Muitos deles têm consciência de que seus atos prejudicam o meio ambiente, mas optam pelo lucro. 

Não sou especialista no assunto, não tenho formação universitária nem sou pesquisador, no entanto, compreendo bem o que discuto, pois conheço o problema pela minha vivência. No povoado onde moro não há nenhuma reserva florestal. Na legislação vigente descobri que o código florestal prevê, em sua seção II, que deve haver áreas consolidadas em preservação permanente, porém esse código não é nenhum pouco respeitado.

Não só acho errado, mas aprendi na escola que as árvores funcionam como uma balança climática absorvendo gases poluentes, liberando oxigênio e, inclusive, atraindo chuvas. Não é uma prática inteligente a que está sendo feita, principalmente onde moramos, uma região que já sofre com secas constantes. Agindo assim, estamos contribuindo para a elevação da temperatura, que já é, por si só, alta.
Vemos todos os dias na mídia regiões no Brasil em desequilíbrio, com características climáticas alteradas. Lugares onde chove regularmente ora apresentam poucas chuvas, ora chuvas acima do normal. Da mesma forma, ocorre com a temperatura, alta ou baixa demais. A população sofre com cheias, calor ou falta d’água. Tudo tem o mesmo motivo: a destruição das matas.

Esse é um problema de solução difícil, pois depende da conscientização e da participação de todos. Temos que pensar em garantir a nossa sobrevivência e a do planeta, e não apenas no lucro e no enriquecimento. A legislação de proteção ambiental deveria ser mais bem aplicada. Ninguém pode alegar desconhecimento total da lei, pouco ou muito sabemos dos efeitos de nossas atitudes para com o meio ambiente. E isso acabará nos afetando, de uma forma ou de outra.

Neste ano, tivemos um bom inverno, mas nossa região desde 2009 sofreu com secas extensas. No ano passado, houve chuvas torrenciais que causaram graves estragos. Isso mostra o desequilíbrio ambiental e reforça a ideia de que precisamos tomar uma atitude a esse respeito, a fim de que mudemos nossa realidade e possamos garantir nossa sobrevivência.

Por fim, até o Hino Nacional exalta a natureza exuberante do país. Nosso município também era conhecido inicialmente como “Boca da Mata”. Isso reafirma a natureza como um elo nacional que deve ser respeitado e preservado. Não podemos permitir que a ganância destrua o bioma que ainda nos resta. Não devemos esquecer que somos uma unidade, não há homem sem natureza.

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