sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Nós temos opinião

Olá, amigos, vamos publicar aqui alguns artigos de opinião produzidos por alunos do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa, em Nossa Senhora da Glória - SE, por ocasião das oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro", edição de 2016. Vamos ao primeiro deles:

PELOS DIREITOS DAS NOSSAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Minha cidade, Nossa Senhora da Glória, localizada na Região Noroeste do estado de Sergipe, possui uma população estimada de 35.000 habitantes e sua economia, atualmente, gira em torno da pecuária, da agricultura, de pequenas indústrias e do comércio, do qual faz parte a feira livre, que é a mais importante da região. E é nesse cenário que crianças e adolescentes são vistos, frequentemente, trabalhando, o que gera polêmica entre os cidadãos glorienses. Há os que são a favor, que acham isso natural, e os que são contra, que defendem os direitos desses jovens. 

Como moradora da cidade, posso afirmar que é extremamente comum chegar ao centro do comércio e se deparar com várias crianças e adolescentes, das mais diversas idades, trabalhando com carrinhos de mão, ou guiando carroças de burro lotadas de produtos em troca de ganhar alguns trocados. Os clientes que utilizam esses serviços acham, de forma errônea, que usufruindo deles estão contribuindo de forma positiva para essas crianças. Outros jovens são vistos trabalhando em bancas de feira e alguns andam pela cidade empurrando carrinhos, vendendo picolé. É importante ressaltar que essa é a parte mais visível do trabalho infantil, mas há também vários deles que fazem trabalhos domésticos, ou nas lavouras, na lida com gado, entre outros serviços, e que acabam ficando menos visíveis, mas sabemos que existem. Há dados de pesquisas que revelam que “Glória”, como é mais conhecida, está entre as cidades com maiores índices de trabalho infantil do estado. 

Para as pessoas que são a favor e não veem nenhum problema nesse tipo de trabalho, é melhor que eles estejam trabalhando do que na rua fazendo coisas erradas, além do fato de alguns ajudarem nas despesas da família com o lucro que obtém e porque muitos dizem trabalhar por opção. 

Porém, mesmo trabalhando, isso não muda o fato de estarem nas ruas, portanto não há garantia alguma de que não vão se envolver com coisas erradas, de que não vão conviver com más companhias, e de que não possam ser corrompidos de alguma forma. Quanto aos que ajudam no sustento da família, é claro que não podemos culpar os pais por, muitas vezes, não conseguirem uma renda suficiente, mas também não se pode jogar esse tipo de responsabilidade para jovens que estão apenas começando a vida, e cuja única preocupação deveria ser com os estudos. Sobre os que dizem que trabalham porque querem, em minha opinião, afirmam isso porque não têm outras oportunidades, outras ocupações, e porque muitos não se sentem atraídos pela escola, pela forma com que o ensino é aplicado. 

Por isso, assim como muitas outros glorienses, sou contra esse tipo de trabalho, pois essas crianças e adolescentes é que estão sendo prejudicados tanto no presente, quanto futuramente. Desde sempre perdem os direitos, direito à saúde, ao lazer, à educação, à cultura, à dignidade, ao respeito, ou seja, direito de ser criança, de ser adolescente. 

Sem dúvidas, podemos constatar que esses jovens que deixam de estudar, ou não têm um bom rendimento escolar em função do trabalho, quando chegam à fase adulta e, aí sim, precisam trabalhar, encontram dificuldades, justamente por não terem uma boa escolaridade. 

Outro fato é que, assim como diz a médica pediátrica do Hospital de Urgência de Sergipe, HUSE, Edda Machado, em suas palestras sobre o enfrentamento do trabalho infantil, o aspecto psíquico desses jovens pode ser muito afetado e ainda mais o aspecto física, pois como estão na fase mais importante de desenvolvimento corporal e começam a trabalhar de forma inadequada, pegando pesos exagerados, incondizentes com o que suportam, provavelmente, já terão problemas de saúde e poderão ter comprometimentos que irão atrapalhá-los na fase adulta. 

Além do mais, segundo a constituição vigente no país, a idade mínima para trabalhar é de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, que vai de 14 a 16 anos, mas, com carga horária menor estipulada, com supervisão e desde que não atrapalhe os estudos. Há ainda restrições para trabalhos que prejudicam a saúde para os menores de 18 anos. Bem diferente do que é visto: jovens de todas as idades, em todos os tipos de trabalhos, com hora certa para começar a trabalhar, mas sem hora certa para terminar. 

Recentemente, assisti a uma reportagem sobre crianças e adolescentes da nossa região que participam de projetos sociais, justamente voltados para erradicação do trabalho infantil e inclusão do jovem na sociedade de forma digna. Realmente, não podemos negar que algumas políticas públicas estão sendo realizadas com essa intenção, porém parece haver grandes dificuldades, pois não há o resultado esperado e ainda vemos o trabalho infantil com muita frequência. 

Certamente, não são as políticas públicas que devam ser mudadas, e sim a forma como são executadas. É preciso que haja uma maior tentativa de conscientização da população, uma maior visibilidade dessas ações e mais informações a respeito, tais como: para quem são voltadas e, principalmente, como funcionam. É necessário que esses ambientes tenham boas estruturas e que ofereçam boas condições de trabalho, para que os jovens sejam atendidos da melhor forma possível. As atividades realizadas devem ser atrativas, isso vale não só para os projetos, mas também para as escolas, a fim de que eles sintam interesse em participar e aprender. E é muito importante dar apoio não somente aos jovens, mas também às famílias, já que muitos estão nessas condições por falta de estrutura familiar. 

Enfim, diante de tudo isso, reafirmo ser contra o fato de esses jovens trabalharem, é preciso que seus direitos sejam respeitados, para que cresçam e se tornem adultos bem estruturados e que também respeitam os direitos das próximas gerações.

Maria Amanda Pedral dos Santos - 2º D

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